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sábado, 23 de setembro de 2017

S. PIO DE PIETRELCHINA, Memória





Hoje a Igreja celebra a memória do Santo Capuchinho que marcou o século passado e continua do Céu, mais do que nunca, a sua obra de evangelização: Padre Pio de Pietrelcina.
Onze dias antes da sua morte, o Padre Pio de Pietrelcina escreveu uma carta ao Papa Paulo VI. Nessa missiva dizia o santo: “Sei bem das profundas aflições que angustiam o vosso coração nestes dias relativamente aos novos rumos da Igreja, à paz do mundo e as múltiplas necessidades dos povos. Mas sobretudo pela falta de obediência de alguns católicos a respeito dos esclarecedores ensinamentos que Sua Santidade, com o auxílio do Espírito Santo, nos tem dado em nome de Deus”, e agradece ao Pontífice, “em nome de meus filhos espirituais e dos grupos de oração” pela “posição clara e decisiva que nos transmitistes, especialmente na última encíclica Humanae Vitae, e reafirmo a minha fé e a minha obediência incondicional às vossas iluminadas diretrizes”.
Hoje a Igreja comemora o 45° aniversário da entrada ao paraíso do Santo Estigmatizado, canonizado por João Paulo II no dia 16 de Junho de 2002.
“Qual é o segredo de tanta admiração e amor a este novo Santo?” - perguntava João Paulo II no discurso da cerimônia de canonização – “Ele é, em primeiro lugar, um ‘frade do povo’, característica tradicional dos Capuchinhos. Além disso, ele é um santo taumaturgo, como testemunham os extraordinários acontecimentos que adornam a sua vida. Mas, sobretudo, Padre Pio é um religioso sinceramente apaixonado de Cristo crucificado. Ele participou no mistério da Cruz também de maneira física ao longo da sua vida”.

Vida e vocação

Nascido no dia 25 de Maio de 1887, às cinco horas duma tarde chuvosa, Francisco Forgione, o futuro capuchinho santo, é da cidade de Pietrelcina (Província de Benevento), na época uma pacata região onde a população era sã e crente. O casamento de Grazio Forgione e Maria Giusappa De Nunzio foi abençoado com o fruto de oito nascimentos, sendo o Padre Pio, o quinto filho.
Já como criança mostrou ter uma grande sensibilidade para o sobrenatural; desde a idade de onze anos, consagrou-se espontaneamente ao Senhor e a S. Francisco.
Depois de terminados os estudos preparatórios como postulante, quando as primeiras dificuldades que ameaçavam o desabrochar da sua vocação foram vencidas, foi permitido a Francisco começar o seu noviciado nos Padre Capuchinhos no convento de Morcone, na província de Benevento, no dia 22 de Janeiro de 1903. A 10 de Agosto de 1910 foi ordenado sacerdote na catedral de Benevento por Monsenhor Shinosi. Entre a numerosa assistência notava-se sua mãe. Chorava comovida: um filho padre!

Sofrimento, oferecimento e estigmas

“Sinto dores violentas. Tenho a impressão que as minhas mãos, os meus pés e o meu lado são trespassados por uma lâmina, enquanto eu medito na Paixão de Cristo”, escrevia o santo ao seu confessor por volta de 1912, quando tinha apenas 23 anos.
“A missa do Padre Pio era um mistério incompreensível”, declara Don Giuseppe Orlando, um santo padre, também ele nascido em Pietrelcina: “A missa por vezes durava mais de quatro horas. Via-se que estava de tal forma abrasado em Deus que ficava mais de uma hora imóvel em êxtase. Por vezes, ficava como que petrificado como o altar. A expressão do seu rosto transfigurava-se; por momentos irradiava felicidade, depois exprimia de novo sofrimento e dores físicas”.
Na Sexta-Feira, 20 de Setembro de 1918 recebeu, tal como o seu bem-aventurado patrono S. Francisco de Assis, a marca sangrenta das chagas de Cristo, nas mãos, nos pés e no lado esquerdo. O Padre Pio estava só no convento. Recebeu os estigmas durante uma visão. Enquanto o jovem capuchinho estava em oração no coro da pequena igreja, meditando na Paixão de Cristo diante do grande crucifixo que aí se encontrava e ainda se encontra, Cristo apareceu-lhe com as chagas sangrentas. Ele mesmo narra em uma das suas cartas:
“Encontrava-me no coro – conta ele – depois da celebração da missa, quando fui surpreendido por uma calma que se assemelhava a um doce sono. Todos os meus sentidos, internos e externos e a faculdade do meu espírito, também se encontravam numa tranquilidade indescritível...” E continua “E todo o resto se passou num relâmpago, e enquanto isto se passava, eu vi diante de mim um personagem misterioso, o mesmo que tinha aparecido a cinco de Agosto, com a única diferença que desta vez as suas mãos e os seus pés e o seu peito escorriam sangue. Esta visão apavorou-me; o que senti nesse instante, nunca lho saberei contar. Sentia-me morre e decerto teria morrido se o Senhor não interviesse, para suster o meu coração que me parecia querer saltar do meu peito. Essa personagem desapareceu e então reparei que as minhas mãos, os meus pés e o meu peito, estavam trespassados e escorriam sangue! Imagine a tortura que senti então e que sinto continuamente cada dia...”

Zelo apostólico

Entre as pessoas ilustres que o procuraram encontra-se o então bispo de Cracóvia, Karol Wojtyla, futuro Papa João Paulo II. Testemunham isso também duas cartas enviadas ao santo no ano de 1962, quando Karol se encontrava em Roma durante o Concílio Vaticano II. Nessa carta agradece a oração do Padre Pio pela cura de uma médica com cancro e pelo filho de um advogado de Cracóvia que trazia uma doença de nascença. Na carta pedia também a intercessão por mais duas intenções: uma senhora paralisada e as enormes necessidades pastorais da sua diocese.
O Padre Pio não pensava senão nas almas. Numa carta dirigia ao seu confessor, escrevia: “Nada mais vos quero dizer senão isto: Jesus concede-me uma íntima alegria quando posso sofrer e trabalhar pelos meus irmãos. Trabalhei e continuarei a trabalhar. Rezei e quero continuar a rezar pelos meus irmãos. Velei e quero continuar a velar ainda mais. Chorei e quero chorar sempre pelos meus irmãos no exílio”.
“Segui o exemplo do vosso santo confrade falecido há pouco – dizia Paulo VI em um discurso aos membros do Capítulo Geral da Ordem dos Capuchinhos – “Vede a fama que ele teve! Que clientela mundial ele não conseguiu à sua volta! Mas, porquê? – Seria ele um filósofo, um sábio, dispondo de meios? – Apenas porque dizia missa humildemente, confessava de manhã à noite, e era, é difícil de o dizer, o representante de Nosso Senhor, marcado com as chagas da nossa Redenção”. Peçamos hoje a intercessão de tão poderoso amigo de Deus.

In http://senzapagare.blogspot.pt/2017/09/padre-pio-dizia-missa-humildemente.html

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

O ENCONTRO NACIONAL DE LITURGIA ITALIANA E OS SINAIS DOS TEMPOS


No dia 24 do passado mês de Agosto, o Romano Pontífice discursou, na Aula Paulo VI, em Roma, aos participantes da 68ª Semana Nacional de Liturgia Italiana. Com a autoridade que lhe foi legada por Cristo, Senhor Nosso, Filho Unigénito do Pai Celeste e Rei do Universo, o sucessor de Pedro chamou à atenção para a importância da Liturgia, da Música Sacra e do significado da fé expressa no sagrado mistério da eucaristia. Nesta linha, não deixou de enfatizar a importância da Reforma Litúrgica do Sagrado Concílio Ecuménico Vaticano II e dos frutos tão abundantes que tem dado à Igreja nestes anos, relembrando assim aos saudosistas ferrenhos e aficionados que já não há nada a fazer que possa apagar a reforma vaticana de 1962.
Este discurso do Papa Francisco põe mais uma vez a nu as pressões internas da ala conservadora da Cúria Romana que não cessa de empregar todos os seus esforços para reverter a reforma vaticana, vivendo extasiada numa utopia eclesial, sobretudo litúrgica, onde impera a frieza cega das rúbricas, das normas e do legalismo farisaico. À semelhança de Jesus, o Papa traz as palavras que ninguém quer ouvir: amor, esperança e unidade.  Ora, negar o Concílio é negar a unidade da Igreja, é fazer luzir sobre si mesmo o espírito audacioso de uma pretensa sabedoria, é abrir cismas e desacreditar o diálogo.

Que a luz de Deus todo-poderoso ilumine os olhos do nosso coração e nos ajude a discernir sobre o que é melhor para nós, para outros e para a Sua Santa Igreja.

Link do discurso integral:
http://liturgia.pt/noticias/noticia_v.php?cod_noticia=270



terça-feira, 15 de agosto de 2017

CONSERVADORES VS. PROGRESSISTAS: RÓTULOS OU REALIDADES?


1. Concílios, Alas e Liturgia: História de um conflito

Como é sabido, até ao Concílio de Trento (1545-1563) a liturgia não era celebrada da mesma forma em toda a parte. Com a invenção da imprensa por Johannes Gutenberg (1450-1455) e com as problemáticas eclesiais internas que levaram, entre outras consequências, à criação do movimento protestante por Martinho Lutero (1517), os padres conciliares consideraram uniformizar a liturgia romana. A liturgia tridentina começou a entrar em decadência no século XIX, por um lado, pela influência da reflexão legada pela Devotio Moderna (séc. XIV-XVI), com Gerard Groote à cabeça, e por outro, pelo nascimento do Movimento Litúrgico. Estas duas correntes iriam dar origem mais tarde ao Concílio Vaticano II (1962-1965), que ao reflectir sobre o modelo tridentino, o decidiu simplificar, atitude que desagradou a ala conciliar mais conservadora.
Neste sentido, alegando zelo e apreço pela Tradição da Igreja, e considerando que o Concílio estava a colocar em causa esse legado, o Mons. Marcel Lefebvre fundou um Seminário em Écône (Suíça) e um movimento intitulado «Fraternidade Sacerdotal de S. Pio X» [FSSPX] (1 de Novembro de 1970) com o objectivo de congregar os presbíteros conservadores e formar fiéis e jovens católicos que desejassem ser ordenados e viver o seu ministério segundo o modelo legado por Trento.
No início, estas instituições aconteceram de forma pacífica e com o consentimento da Santa Sé, pois parecia apenas ser uma reivindicação justa de viver segundo um modelo proposto pela Igreja que tinha a força de cinco séculos de história. No entanto, as coisas começaram a correr mal quando este grupo de clérigos e fiéis começou a defender e a ensinar abertamente um pensamento anti-conciliar, chegando mesmo a opor-se à teologia e aos princípios consagrados nos documentos. Esta atitude levou Paulo VI a pronunciar uma reprimenda, segundo a qual proibia o Mons. Lefebvre de conferir o sacramento da ordem. Esta controvérsia azedou ainda mais quando, a 24 de Julho de 1976, o Mons. Marcel Lefebvre, desprezando as palavras do Papa, procedeu à ordenação de vinte seis presbíteros, acto que teve como consequência a excomunhão, dele e dos ordenados.
Mais tarde, a 30 de Junho de 1988, Mons. Lefebvre volta a conferir o sacramento da ordem, mas desta vez a quatro presbíteros para os sagrar bispos: Bernard Tissier de Mallerais, Richard Williamson, Alfonso de Galarreta e Bernard Fellay. Quando a notícia chegou à Santa Sé foi recebida por Sua Santidade e por toda a Cúria Romana com não pouca perplexidade. De imediato, o Papa João Paulo II, através do Motu Proprio «Ecclesia Dei» [2 de Julho de 1988], considera o movimento da FSSPX como cismático e estabelece o seguinte: 1) seja criada uma Comissão para dialogar com os membros da FSSPX; 2) permita-se aos clérigos de todo o orbe celebrarem a liturgia de acordo com o Missal de S. Pio V  com as referidas exigências: a) autorização expressa do respectivo bispo local; b) utilização da edição típica do missal romano segundo a edição revista por João XXIII em 1962. Pouco depois, a 18 de Julho do mesmo ano, o Romano Pontífice decide criar, em oposição à cismática FSSPX, a Fraternidade Sacerdotal de S. Pedro [FSSP], sendo a sua sede na abadia de Hauterive (Suíça).
Não obstante o enorme conflito gerado, a Santa Sé, através do Cardeal Joseph Ratzinger, tentou sempre estabelecer um diálogo com a FSSPX com o propósito de encontrar uma solução de integração na Igreja, contudo todos os esforços empenhados foram rejeitados. Num acto de benevolência, já como Papa, Joseph Ratzinger [Bento XVI], levantou a excomunhão aos quatro bispos ordenados por Mons. Marcel Lefebvre [21 de Janeiro de 2009]. Mas a FSSPX voltou a desiludir com as polémicas declarações de Richard Williamson, o bispo cismático, que defendeu abertamente num programa de televisão a negação histórica do holocausto [26 de Janeiro de 2009].
Posteriormente, o Papa Bento XVI, através do Motu Proprio, «Summorum Pontificum», a 30 de Abril de 2011, mostrava o coração misericordioso da Igreja com a concessão totalmente aberta a qualquer clérigo para celebrar a liturgia tradicional, relembrando, contudo, que a expressão ordinária da Igreja é a que está consagrada pela reforma litúrgica, expressa por Paulo VI com o Missal de 1970. Os princípios fundamentais são os seguintes:

Carta aos Bispos

§ 4. O Missal publicado por Paulo VI, e reeditado em duas sucessivas edições por João Paulo II, obviamente é e permanece a Forma normal (a Forma ordinária) da Liturgia Eucarística».

§ 5. Quanto ao uso do Missal de 1962, como Forma extraordinária da Liturgia da Missa, quero chamar a atenção para o facto de que este Missal nunca foi juridicamente ab-rogado e, consequentemente, em princípio sempre continuou permitido.

§ 7. O uso do Missal antigo pressupõe um certo grau de formação litúrgica e o conhecimento da língua latina; e quer uma quer outro não é muito frequente encontrá-los. Por estes pressupostos concretos, já se vê claramente que o novo Missal permanecerá, certamente, a Forma ordinária do Rito Romano, não só porque o diz a normativa jurídica, mas também por causa da situação real em que se encontram as comunidades de fiéis».

§ 8. A garantia mais segura que há de o Missal de Paulo VI poder unir as comunidades paroquiais e ser amado por elas é celebrar com grande reverência em conformidade com as rubricas; isto torna visível a riqueza espiritual e a profundidade teológica deste Missal.

§ 9. Cheguei assim à razão positiva que me motivou para actualizar através deste Motu Proprio o de 1988. Trata-se de chegar a uma reconciliação interna no seio da Igreja.

§ 10. Não existe qualquer contradição entre uma edição e outra do Missale Romanum. Na história da Liturgia, há crescimento e progresso, mas nenhuma ruptura.

Motu Proprio «Summorum Pontificum»

Art. 1. O Missal Romano promulgado por  Paulo VI é a expressão ordinária da «lex orandi» («norma de oração») da Igreja Católica de rito latino. Contudo o Missal Romano promulgado por São Pio V e reeditado pelo Beato João XXIII deve ser considerado como expressão extraordinária da mesma «lex orandi» e deve gozar da devida honra pelo seu uso venerável e antigo. Estas duas expressões da «lex orandi» da Igreja não levarão de forma alguma a uma divisão na «lex credendi» («norma de fé») da Igreja; com efeito, são dois usos do único rito romano.

Art. 2. Nas Missas celebradas sem o povo, todo o sacerdote católico de rito latino, tanto secular como religioso, pode utilizar seja o Missal Romano editado pelo Beato Papa João XXIII em 1962 seja o Missal Romano promulgado pelo Papa  Paulo VI em 1970, e fazê-lo todos os dias à excepção do Tríduo Pascal.

Art. 3. As comunidades dos Institutos de Vida Consagrada e das Sociedades de Vida Apostólica, tanto de direito pontifício como diocesano, que desejem celebrar a Santa Missa segundo a edição do Missal Romano promulgado em 1962 na celebração conventual ou «comunitária» que tenha lugar em seus oratórios próprios, podem fazê-lo. Se uma comunidade individualmente ou todo um Instituto ou Sociedade quiser realizar, de modo frequente, habitual ou permanente, tais celebrações, o caso deve ser decidido pelos Superiores Maiores, segundo as normas do direito e as regras e os estatutos particulares.

Art. 5. § 5. Nas igrejas que não são paroquiais nem conventuais, é competência do Reitor da Igreja conceder a licença acima citada.

2. Falácias em confronto

Falácias Tradicionalistas (ala fundamentalista):

- O Concílio foi obra de um maçon infiltrado
- Os documentos conciliares contêm erros
- O último Papa foi João XXIII
- O Rito Tridentino é o verdadeiro Rito da Igreja
- A missa de S. Pio V é a «missa de sempre»

Falácias Tradicionalistas (ala moderada):

- A SC não diz que deve haver um Novus Ordo
- O Vetus Ordo é juridicamente igual ao Novus Ordo
- O Vetus Ordo é mais digno que o Novus Ordo
- Há uma aversão inveterada contra o Vetus Ordo
- O Novus Ordo dá aso a erros devido à omissão de rúbricas

Falácias Progressistas (ala fundamentalista):

- Os três graus da Ordem são iguais
- As rubricas do Missal são apenas directrizes, o que conta é o sentido
- Podem mudar-se os textos do Missal
- A Eucaristia pode ser celebrada em qualquer lugar
- A matéria do sacrifício eucarístico pode ser alterada

Falácias Progressistas (ala moderada):

- O Latim deixou de ser a língua da Igreja
- O CIC não refere que os clérigos devem andar identificados
- A música oficial deixou de ser o Gregoriano e a Polifonia
- Pode usar-se qualquer instrumento na Igreja
- Qualquer estilo de música pode ser executado dentro da Igreja

3. A Liturgia do Novus Ordo: Erros a corrigir

1. A assembleia deve participar sempre na celebração.

2. A veste comum a todos os ministros ordenados é a alva, seja qual for o seu grau, apertada à cintura pelo cíngulo, a não ser que, pela sua forma, se ajuste ao corpo mesmo sem o cíngulo. Só pode ser usada outra veste com a permissão da Conferência Episcopal ou do Bispo Diocesano (cf. IGMR, n.65).

3. Os cânticos devem ser ajustados e de acordo com o espírito da liturgia[1].

4. Os textos do Missale Romanum não podem ser alterados.

5. Deve guarda-se silêncio sagrado depois do «acto penitencial»; do «oremos»; das «leituras»; da «homilia»; da «comunhão» (cf. IGMR, n. 45).

6. Não deve estar absolutamente nada sobre o altar até ao ofertório[2].

7. Quando não há cântico de entrada, o ministro deve recitar a Antífona que está no Missal Romano.

8. Quando há diácono é ele que deve ministrar o Missal.

9. O n. 124 clarifica que o celebrante está virado para o povo[3].

10. Quando não há leitores instituídos ou leigos idóneos para ler é o diácono que desempenha esta função.

11. Muitas vezes omitem-se as sequências. Há duas obrigatórias (Lauda Sion e Veni, Sancte Spiritus), as restantes são facultativas. É lícito, portanto, cantar a sequência da Missa de Defuntos (Dies Irae).

12. Às palavras «Evangelho de NSJC» todos fazem ao mesmo tempo o sinal da cruz na testa, na boca e no peito (o celebrante faz ainda sobre o Evangeliário).

13. Durante o Evangelho todos se devem virar para o ambão (cf. IGMR, n. 74).

14. No prefácio, ao «Sursum corda», o sacerdote eleva ligeiramente as mãos.

15. Na consagração não se parte o pão.

16. O cântico de comunhão começa quando o celebrante comunga (n. 159).

17. Não se diz «Amen» depois do «Pater Noster».

18. Não é permitido substituir os cânticos do Ordinário da Missa, por exemplo, o Cordeiro de Deus (Agnus Dei), por outros cânticos (n. 366).

19. Quando não há cântico de comunhão, o ministro deve recitar a Antífona que está no Missal Romano.

20. Os gestos e atitudes corporais não são cumpridos como está prescrito:

a) Turiferário e Cruciferários:

Cf. 66 – Quando o turiferário vai na procissão, «de mãos erguidas à mesma altura, segura o turíbulo com a direita, deste modo: põe o dedo polegar na argola maior e o médio na argola menor da corrente, levantando a tampa do turíbulo, e assim o sustenta e agita; na mão esquerda, segurando-a pelo pé, leva a naveta com o incenso e a colher» (CE, I, XI, 7).

Cf. 67 – Os acólitos «pegam nos castiçais com a mão direita, assim: o que vai do lado direito põe a mão esquerda no pé do castiçal e com a direita segura-o ao meio, pelo nó; o que vão ao lado esquerdo põe a mão direita no pé do castiçal e com a esquerda segura-o pelo referido nó» (CE, I, XI, 8).

b) Mãos-Postas: Palmas das mãos uma contra a outra e o dedo direito sobre o esquerdo[4].

c) Genuflexão: O joelho direito bate no solo, junto ao calcanhar do pé esquerdo[5]. Ajoelha-se apenas com um joelho, e não com os dois (cf. IGMR, n. 69).

d)  Inclinações[6]: (cf. IGMR, n. 68).

Há dois tipos de inclinações:
 - Inclinação de cabeça;
 - Inclinação de corpo.
     
Regras:

- A inclinação de cabeça faz-se ao nome de Jesus, da Virgem Santa Maria e do santo em cuja honra se celebra a Missa ou a Liturgia das horas[7].

- A inclinação do corpo, ou inclinação profunda, faz-se:

ao altar [caso nele não esteja o sacrário com o Santíssimo Sacramento];
durante as orações Purificai o meu coração (Munda cor meum) e De Coração humilhado e contrito (In spíritu humilitátis);
no símbolo às palavras E encarnou pelo Espírito Santo (Et incarnátus est);
no Cânone Romano às palavras Humildemente Vos suplicamos (Supplices te rogamus);
ao Bispo antes e depois da incensação, e todas as vezes em que vem expressamente indicada nos diversos livros litúrgicos.

e) De joelhos. Duas opções:

1) Durante a consagração:[8]
- Da epiclese até ao «Mysterium fidei»;
Do final do «Sanctus» até à doxologia;
2) Durante o «Agnus Dei».

f) De pé: Durante a comunhão até ao momento em que o ministro guarda a Eucaristia no Sacrário.

g) Incensação[9]: Incensa-se sempre com três ductos e três ictus à excepção das relíquias dos santos e das imagens expostas à veneração dos fiéis, que se incensam com dois. As relíquias da Santa Cruz e as imagens do Senhor também se incensam com três ductos e três ictos[10].



[1] Os cânticos que não têm as três características (natureza, universalidade e bondade de formas) de que fala o Magistério, são desaprovados pela Conferência Episcopal Portuguesa.
[2] Vê-se muitas vezes um crucifixo ladeado por velas. O crucifixo da Igreja é o crucifixo da celebração. Quando não há crucifixo no lugar da celebração coloca-se o crucifixo da procissão de entrada num dos cantos do altar-mor virado para a assembleia. Os candelabros colocam-se sempre ao lado do altar, se não os houver, e nunca sobre ele.
[3] Não se trata aqui de uma omissão ou explicação torpe. A regra é clara quanto à orientação do sacerdote. Tanto assim é que a Santa Sé mandou que os altares fossem colocados ao centro do espaço do Altar-Mor para permitir esta modalidade.
[4] Na consagração os concelebrantes devem virar a mão direita «ad latum»; e no prefácio, braços abertos e as mãos com as palmas viradas uma contra a outra.
[5] Quando se passa diante do Santíssimo Sacramento em procissão litúrgica não se faz genuflexão (cf. IGMR, n. 71).
[6] O cruciferário, ceroferários e aquele que leva o Evangeliário não fazem inclinação ao altar aquando a procissão de entrada (cf. IGMR, n. 70).
[7] No rito tridentino, a liturgia previa, em pontificais com o Romano Pontífice, fazer inclinação ao nome do Papa, no Cânone Romano; no Novus Ordo esta prática é considerada incorrecta, pois não existe nenhuma rúbrica que o especifique.
[8] Na consagração, o turiferário não é ladeado pelos ceroferários. A alinha 1.2) e 2) é exclusiva dos sítios onde esta tradição permanece, a qual é louvavelmente recomendada que se guarde.
[9] Não existe nenhuma rúbrica que diga que o turíbulo tem que tocar nas correntes ao efectuar os ductos.
[10] Existe um desconhecimento generalizado sobre o significado dos termos latinos «ictus» e «ductus». O vocábulo latino «ictus» significa «apoio» e o vocábulo «ductus» significa «condução». Portanto, o «ictus» é o movimento que o turiferário faz ao descer ligeiramente o turíbulo e o «ductus» é o movimento de conduzir o turíbulo para a frente e para trás.